sábado, 24 de setembro de 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – CFCH
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS

GRUPO 2: Mario Rafael, Wolfgang Maciel, Mateus Melo, Arthur Valença, Jonas Augusto e Humberto Rafael.

Esse texto tem a finalidade de traçar um perfil das abordagens das questões da historiografia nas universidades de diversas regiões do Brasil. Logo atentamos para o fato de que nossa abordagem é limitada a poucas instituições, o que limita bastante nossas conclusões a esse respeito, uma analise mais coesa e precisa se dará pela união dos esforços dos demais grupos que desenvolvem esse trabalho paralelo ao nosso. Utilizamos a comparação entre as ementas e bibliografias para definir como as disciplinas de introdução dos cursos de graduação em história veem a importância da historiografia crítica na formação dos novos historiadores e de que modo ela é abordada em cada instituição. Foram estudadas as ementas e bibliografias das seguintes universidades: UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Unicap (Universidade Católica de Pernambuco), UNIR (Universidade Federal de Rondônia), UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e a Unicamp (Universidade de Campinas).

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de acordo com o programa do curso noturno de Licenciatura em História da instituição, a disciplina introdutória do curso é a de Introdução a História. Em sua ementa a disciplina tem a finalidade de mostrar as características do conhecimento histórico em relação a sua temática, teorias, metodologias e técnicas, com a intenção de aproximar o aluno iniciante dos conteúdos que serão desenvolvidos ao longo do curso.
Apresenta uma bibliografia com autores contemporâneos e antigos, como Hobsbawnm, com sua abordagem crítica da história utilizando o método Marxista de análise da história, pós-moderno e antipositivista; a historiadora Maria Vieira que em seu livro A Pesquisa em História aponta para a importância da análise dos documentos para a produção textual historiográfica. Porém sua abordagem não remete ao positivismo, onde o historiador deveria ser formado nos documentos e arquivos. Viera adverte em sua obra que os documentos por si só não fazem o historiador, que o contexto e o tempo devem ser levados em consideração na investigação documental de modo que o trabalho final seja só uma catalogação de fatos documentados e sim historia com todas as suas implicações e resultados. O autor Cezar Guazzelli, que tem foco nas técnicas do trabalho historiográfico contemporâneo e na reflexão teórico-metodológica dos historiadores Brasileiros. O historiador Mexicano Carlos Pereyra Gomez, livro utilizado: História, para qué? Autor de tendências positivista, pois sua formação é datada do final do século XIX e sua obra foi influenciada por essa corrente. Também inclui a leitura obrigatória dos autores: José Roberto do Amaral Lapa, (que destaca que o ensino e o estudo compõem uma instância única e inseparável do fazer da História) e Ronald Polito e Carlos Fico
A Bibliografia da UFRGS se mostra bem enxuta em relação às demais universidade e aponta uma tendência um pouco mais conservadora, não se mostra tão Marxista e pós-moderna porem não é indiferente a formação do historiador com uma visão crítica, os demais autores de sua bibliografia tem o foco na produção textual na academia, como se inserida na disciplina de Introdução a História também estivesse algo como metodologia de pesquisa acadêmica.

O curso de história da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) é apenas oferecido no modo licenciatura. Diferente de varias universidades a matéria de Introdução à Historia tem o nome de Metodologia da Historia, algo que já diz muito sob a ótica em que a matéria é estudada, haja vista que o nome de Introdução à Historia é um termo positivista, podendo ser visto no manual Introdução as Estudos Históricos de Ch. V. Langlois e Ch. Seignobos. A ementa da disciplina consiste em conceituações gerais e especificidades do conhecimento histórico, saber qual é o papel do historiador na produção do conhecimento histórico, as escolas históricas e suas propostas metodológicas e relacionar o oficio do historiador com outros campos científicos.

A sua bibliografia conta com Marc Bloch e sua obra Apologia da historia ou o oficio do historiador, com uma escrita combatente conseguiu deixar fundamentadas e registradas as bases escritas do que constituiria a Escola dos Annales. Guy Bourdé e Hervé Martin. As escolas históricas. Paul Veyne. Como se escreve a história; Foucault revoluciona a história. Em seu livro, Veyne não se propõe a tratar assuntos comuns aos historiadores como a nouvelle histoire ou o positivismo. Nele, o autor imerge mais profundamente no tema, esmiuçando-o. Peter Burke. A Escrita da História, de, publicado originalmente em 1991, discute as mudanças ocorridas na historiografia a partir do surgimento da corrente chamada Nova História. Para isso, vários novos temas da história, entre eles, a história das mulheres, o renascimento da narrativa, a história oral etc., merecem capítulos especiais. Os modos de escrever a História são o ponto central da obra. Carlo Ginsburg. Mitos, emblemas, sinais: morfologia da historia. Freud, Sherlock Holmes, o crítico de arte Morelli - partindo desses nomes, Carlo Ginzburg constrói o paradigma de um saber indiciário', um método de conhecimento cuja força está na observação do pormenor revelador, mais do que na dedução. José Carlos Reis. Nouvelle histoire e tempo histórico: a contribuição de Febvre, Bloch e Braudel. A idéia do tempo da História-disciplina, as dificuldades de sua percepção e construção pelos historiadores. Aí está toda a problemática desse compacto, mas extremamente denso livro de José Carlos Reis.
A Universidade Federal de Rondônia (UNIR) mostra valorizar a Escola dos Annales. Em sua ementa mostra a tentativa de se trabalhar à história como crítica, além de debater a questão do tempo, um tema bastante polêmico e complicado. Propõe a interdisciplinarização da história, o envolvimento da história com outras ciências auxiliares, até porque o que seria a história sem as outras áreas do conhecimento, e do que seria dessas áreas sem a história?
O confronto sempre foi importante, e na UNIR não é diferente. Por isso mesmo, os professores de Introdução aos Estudos Históricos procuram enfrentar o positivismo com o Marxismo e com a Escola dos Annales. É necessário conhecer para se criticar, e o estudo do positivismo antes da oposição é preciso.
Mas uma coisa é inegável: o viés atual da UNIR, que adota escritores “filhos” da l’École des Annales. Na bibliografia da cadeira encontramos uma forte presença desses escritores, como Jacques Le Goff, membro da terceira geração. Como base, temos a presença do cérebro ilustre de Marc Bloch, com Introdução à História. Além desses, temos Ciro Flamarion Santana Cardoso – historiados brasileiro de base Marxista –, o inglês Peter Burke, com A Escola dos Annales: (1929 - 1989) A Revolução Francesa da Historiografia; os franceses Pierre Vilar (Iniciación al Vocabulário Del análisis Histórico, Roger Chartier (A História Cultural) e François Dossé (A História em Migalhas).
Os livros desses escritores renomados são estudados e, com isso, a essência da UNIR fica inegável: Escola dos Annales. Uma visão nova de história, com crítica, com discussão, com diálogo constante e incessante, com uma reflexão árdua e criativa.
Tomando como base os dados que constam no site da Universidade Federal de Uberlândia, podemos observar a ênfase que o curso dá na formação de profissionais de história bem embasados. Base essa que vai desde obras fundamentais, como Heródoto, com História, que é uma das obras primordias ao conhecimento do historiador; e passa por filósofos, como o francês Renê Descartes, com O Discurso do Método, e Hegel, grande filósofo alemão com a obra Filosofia da História, destacando especialmente Karl Marx, que foi o precursor do método de historiografia critica (método que considera a produção do texto historiográfico uma etapa importante na produção da ciência) com O Manifesto do Partido Comunista (escrito juntamente com Friedrich Engels, chegando até destacados historiadores modernos como Eric Hobsbawm, marxista e defensor da historia critica, e Marc Bloch, renomado estudioso da teoria da história.

A presença de autores como Jacques Le Goff, historiador francês autor de diversos livros sobre a Escola dos Annales (movimento que amadurece as idéias germinadas no marxismo, Hobsbawn e Bloch sugerem a adoção pela universidade de um estímulo a busca pela produção de uma história critica, que age por meio de problemas históricos que o históriador tem por objetivo resolver. Explana todas as escolas historiográficas precedentes, como positivismo e pós-modernismo, as problemáticas acerca dos seus métodos de produção historiográfica, traçando uma linha de evolução da ciência histórica e suas tendências.
Na Universidade de Campinas – SP, a disciplina que transmite abre ao aluno seus primeiros contatos com a historiografia em si carrega também o nome positivista de “Introdução ao Estudo da História” e, não obstante, conta com conteúdo e bibliografia mais amplos e atualizados, dando enfoque – como promete sua ementa – aos conceitos e modos de interpretação centrais ao conhecimento histórico atual, permite que o aluno conheça a metodologia clássica de fazer a História através apenas de sua crítica, tendo Introdução à História (Bloch, Lisboa, 1965), obra clássica da Escola dos Annales, como a obra mais antiga de sua bibliografia.
Contando ainda, em suas leituras, com romances históricos de peso, como O Retorno de Martin Guerre (Davis, Rio de Janeiro, 1987) e O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição (Ginzburg, São Paulo, 1987) a inclinação primordial da disciplina aparenta se dar na direção de um enfoque mais moderno da história, numa forma de ver o sujeito comum dentro dela como fatal parte integrante e participativa de sua construção, e de analisar os efeitos que, fazendo o caminho contrário, os fatos históricos podem gerar na vivência individual.
Num real rompimento com qualquer ranço positivista que ainda possa subsistir no universo acadêmico, ou na forma de o aluno tender a visualizar a História, livros como História e Verdade (Schaff, São Paulo, 1983) permitem ao estudante chegar a reflexões apuradas acerca da dicotomia entre os procedimentos idealista e positivista na concretude dos fatos, não tomando, o autor, nenhum desses como caminho uno para a verdade, mas resolvendo esse paradoxo se usando da dialética marxiana e propondo uma nova forma de construção do conhecimento, na expressão individual dos fatos.
O que é perceptível: as universidades brasileiras estão se atualizando em relação ao conteúdo estudado. Adotam escritores pós-modernos, analistas, que criticam e pesquisam, que trabalham por uma nova história, uma história que não privilegia os vencedores nem as hegemonias dominantes de determinado período histórico, aquela história, feita de forma preguiçosa e desapegada. A presença da Escola dos Annales é completamente inegável, assim com a idéia marxista de uma história crítica, essas correntes estão presentes em todas as regiões do Brasil, e em grande maioria nas universidades que pesquisamos tendo uma influência que julgamos positiva na formação do novo historiador.

3 comentários:

Isabel Guillen disse...

Pessoal. O conteúdo analisado até que está bom, mas é preciso cuidar da escrita. Há muitas frases ambiguas, outras sem sentido...
Sugiro que vocês façam uma boa revisão no texto para dar mais coerência discursiva. Façam uma introdução e uma conclusão de modo explícito, e separem cada universidade analisada com itens próprios, ok?
Deixei um exemplo de frase que precisa ser reescrita em amarelo e destaquei um problema sério: o trabalho de Natalie Davis não é um romance histórico!

Satirev disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Satirev disse...

Professora, editarei, assim que conseguir contato com o líder do grupo, dividindo as Universidades em tópicos mais destacados.
A falha em nossas revisões, que levou à repetição "[...]transmite abre[...]" também será editada.
Quanto ao suposto romance histórico, gostaria de destacar que, não tendo havido espaço para a leitura integral de cada obra de cada uma das bibliografias analisadas, só se pôde julgá-las com base em fontes secundárias, para que se pudesse, a partir daí, tecer conclusões gerais acerca de qual seria o teor dado ao curso pela presença dessa ou daquela obra. Essas fontes secundárias, foram, em sua maioria, produções acadêmicas de outras Universidades, como a que se segue (http://web03.unicentro.br/pet/pdf/09_joao.pdf), onde a tal obra de Davis (O Retorno de Martin Guerre) é, como em nossa publicação no blog, chamada de "romance histórico".