sábado, 8 de outubro de 2011
GRUPO - 2 ANTIMANUAL DO MAU HISTORIADOR (RESENHA CORRIGIDA)
Rojas, Carlos Antônio Aguirre. Antimanual do mau historiador ou como se fazer uma boa história crítica?. Londrina: EDUEL,2007

Linaldo Fernandes
Victor Santos
José Viana
José Dário
João Victor
Jefferson Lopes
Lucas Henrique
Sabemos que a história sempre andou lado a lado com a política desde os gregos, e foi deixada de lado várias culturas, em particular a indígena, da qual Rojas cita no começo do seu livro, mas isso não quer dizer que não houve pensamentos contrários a essa forma de se fazer história no decorrer do tempo. Um exemplo é o movimento Zapatista, citado pelo próprio autor. Mas ainda assim, a historiografia continuou ligada ao poder político. A historiografia humanista e renascentista, nos séculos XVI ao XVIII não modificou muita coisa, mas trouxe duas tendências: a crítica erudita das fontes e a eliminação das lendas, milagres etc. No século XIX, não só a historiografia marxista que contribuiu para uma crítica de uma história de pensamento positivista. Existiram até historiadores positivistas, como Taine e Buckle, que tiveram um ponto de vista evolucionista e foram incorporando em seus estudos temas mais variados e abrangentes daqueles visto pela historiografia dominante. No começo do século XX, surgiram críticas e ataques ao positivismo, e essas posições intelectuais foram denominadas Revolta Antipositivista, que ousou rejeitar certo tipo ou concepção da razão iluminista.
Resenha do livro Antimanual do mau historiador ou como se fazer uma boa história crítica? - Grupo 9
Resenha do livro Antimanual do mau historiador.
AGUIRRE ROJAS, C.A. Antimanual do mau historiador ou como se fazer uma boa história crítica? Tradução de Jurandir Malerba. Londrina: Eduel, 2007.
Publicado com o intuito de denunciar a má formação dos estudantes, decorrente do que é passado nas instituições superiores mexicanas e de apontar a idéia metódica presente em manuais, Rojas quer mostrar durante seu livro Antimanual do mau historiador, os principais pontos que um bom historiador não deve seguir, enfatizando que os profissionais em história devem ser “críticos, sérios, criativos e científicos” (AGUIRRE ROJAS, 2007, p.5).
O opúsculo aborda como se deve escrever a história e como podemos criar uma historiografia que seja adequada o suficiente tanto para ser publicada quanto para servir de alusão para outros historiógrafos e docentes da disciplina de história, com a intenção de melhor compreensão da mesma e sempre corroborando o fato de que a história não é uma disciplina fechada, e sim bastante multidisciplinar, utilizando diálogos constantes com outras ciências.
São apresentados alguns modelos de história crítica que visam romper com a metódica positivista, que foi nos séculos XIX e início do XX a forma hegemônica de fazer história. Para o autor: “A primeira versão da história crítica contemporânea, é representada pelo projeto crítico de Karl Marx” (AGUIRRE ROJAS, 2007, pag.36). O pensamento de entender a história em suas relações sociais e em sua dimensão econômica, o materialismo histórico, a dialética, a defesa de uma história de cunho popular e não apenas das elites, são algumas das principais propostas de história crítica deixadas por Karl Marx e muito bem expostas por Rojas em seu livro, o qual tem visivelmente uma grande tendência por essas idéias.
Aguirre Rojas também faz crítica constante ao livro positivista Introdução aos Estudos Históricos, de Charles-Victor Langlois e Chales Segnobos, publicado em 1898, o qual apresenta um argumento simplificado com finalidade de estar acessível a um maior grupo. Para o autor essas idéias positivistas ainda bastante difundidas nas universidades mexicanas, limitam e empobrecem o método de fazer história, portanto combater essas velhas idéias simplistas que foram citadas durante um dos sete pecados capitais do mau historiador, o positivismo, tem papel fundamental em seu livro.
Esses sete pecados citados ao decorrer do texto têm o intuito de mostrar os erros cometidos pelos maus historiadores, ao mesmo tempo com um caráter explicativo, visando à análise de uma história que compreende os outros campos da ciência, sempre problematizando, analisando a fundo todos os documentos que lhe é fornecido e fazendo reflexões teóricas. Em geral, essas propostas são muito bem colocadas e realistas, porém algumas vezes são carregadas de uma crítica um pouco exagerada por parte do autor, onde acaba generalizando a visão pós-modernista de reduzir a história ao narrativismo e homogeneíza e renega a contribuição historiográfica positivista, vista sempre como uma má história.
Outros projetos que ajudaram a repensar o fazer histórico positivista foram os acontecimentos de Maio de 1968, dando ênfase ao novo modelo de história cultural e às representações dos grupos, e a mais importante delas que foi a Escola dos Annales, uma corrente de intelectuais franceses, decorrente entre os anos de 1929 e 1968, que viria para “consolidar o projeto antipositivista de uma história crítica e inovadora” (AGUIRRE ROJAS, 2007, pag.52). A construção de uma história crítica proposta pelos Annales se daria à utilização de um método comparativo que ajudaria, por exemplo, a produzir uma história sobre o multiculturalismo brasileiro, a construção de uma história global e a valorização da interpretação dos fatos segundo o ponto de vista do historiador, desenvolvendo o conhecimento histórico passado atualmente pela maioria das universidades ocidentais formadoras de historiadores que buscam a construção de uma história científica e que analisa todo e qualquer aspecto de uma sociedade.
As mudanças com aspecto global, a partir de 1968, também vão influenciar em mudanças na historiografia, que irão sofrer influência da quarta geração dos Annales, a qual com certeza modificou a forma da história estudar cultura, promovendo uma grande abertura historiográfica além do surgimento de métodos pessoais para esses estudos. Esse movimento trouxe também o desenvolvimento de várias tendências e subgrupos, e a necessidade de olhar para a história de baixo para cima, analisando-a do ponto de vista da cultura popular. A Revolução de Maio de 1968 ressalta a importância de estudar a ação individual e analisar seu papel social, sabendo que esses podem sim com suas ações e crenças influenciar nas mudanças, valorizando o papel de um pequeno grupo social, que para os positivistas na maioria das vezes foram postos de lado, sem antes constatar sua função para as variações ocorridas na história.
Rojas monta um antimanual indispensável aos iniciantes em estudos históricos que pretendem construir uma história rica e elaborada. No capítulo final ele espera que com a apresentação desses métodos, o leitor construa uma história científica e assimile as diferenças entre uma boa história crítica e a má história positivista vigente no México, a qual difere bastante da realidade brasileira que pode ser vista através da pesquisa feita pelos alunos da cadeira de Introdução aos Estudos Históricos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde é abordado o conteúdo que é passado dos cursos de licenciatura em história no Brasil, ficando claro o comprometimento de formar historiadores com novos modos de interpretar o mundo e a importância de uma história elaborada nesse processo.
Grupo 8: André Carvalho, Daniele Lins, Ígor Amarante, Merielen Araújo, Nadja Chagas, Rayanne Santos.
Departamento de História
Curso de Licenciatura em História, 1º período, noite
Disciplina de Introdução aos Estudos Históricos
Grupo 1: Alberto Luiz, Felipe Guilherme, Guilherme Fairbancks, Ivison Lima, Karine Ferreira e Wanderson Henrique.
Profª: Isabel Guillen
México, ano de 2002, um historiador chamado Carlos Antonio Aguirre Rojas lança um livro intitulado de Antimanual del mal historiador o ¿Cómo hacer una buena historia crítica? pela Editora La Vasija, que foi posteriormente traduzido por Jurandir Malerba aqui no Brasil, através da Editora da Universidade Estadual de Londrina em 2007. Por que ele escreveu este livro? Quais seus objetivos? O que estava acontecendo em seu país? Suas teses e preocupações eram coerentes? Seus argumentos são válidos? É o que tentaremos responder neste texto. Rojas, nasceu na cidade do México, no ano de 1955. Formado em ciências sociais e PhD em economia, hoje é professor da Escola Nacional de Antropologia e História no México. Ele está inserido num país que passou por várias transformações políticas, econômicas e sociais ao longo do século XX. Com destaques para a Revolução Mexicana em 1910, do Movimento Zapatista e do Movimento Neozapatista, que foram marcados pela luta das minorias oprimidas, exploradas e esquecidas da sociedade.
Os movimentos citados eram formados em sua maioria por índios que prezam pelo anonimato e advêm do estado mais pobre do México e que historiograficamente falando são personagens obscurecidos aos olhos da história. É nesse contexto que ele propõe uma mudança também na prática da história. Crítico ferrenho do modo positivista de como a história é ensinada nas escolas e universidades de seu país, ele também escreveu obras como: Uma história dos Annales (1921-2001) (2004), Historiografia Contemporânea em perspectiva crítica (2007), Historiografia no século XX: história e historiadores entre 1848 e 2025 (2004), sendo fortemente influenciado por autores como: Karl Marx, Fernand Braudel, March Bloch, Lucien Febvre, Michel Foucault, Carlo Ginzuburg, Edward Thompson, Ranajit Guha, Walter Benjamin e Norbert Elias, todos estes, defensores de uma nova história crítica. Rojas, lançou o livro, já citado, com o objetivo de quebrar com os manuais de história, como o Introdução aos Estudos Históricos (1948) de Charles Seignobos e Charles Victor Langlois e para apresentar sugestões, com enfoque no Marxismo e na Escola dos Annales, para a formação de historiadores críticos. A seguir, para melhor entendimento, faremos uma descrição da obra e depois uma análise crítica dos pontos principais abordados pelo autor.
No livro, Rojas tenta mostrar de forma categórica os erros cometidos pelos “maus Historiadores”. Em contraponto, ele demonstra formas alternativas de como construir uma nova historia e melhorá-la, deixando-a com um caráter crítico e politizado. Inicialmente ele busca selecionar os pontos que fazem com que a história se torne apenas um relato enfadonho, como foi feito por tantos autores em seus inúmeros manuais de maneira lastimavelmente metódicas e tristemente vinculadas como uma “equação” correta a ser seguida pelos historiadores, privando-os da liberdade de criação para seguir novas vertentes historiográficas. Dando continuidades a sua tese ele nos mostra as "antidefinições" e "antinoções", indicando o marxismo como um grande exemplo de transformação e nos mostrando o legado destas idéias que todas as ciências sociais carregam consigo até hoje, Rojas defende em seu livro a idéia de que a história não é só feita pelos grandes líderes, mas também pelo povo, pois é impossível negar a influência da sociedade dentro da história e historiografia. Como segundo ponto importante para construir uma boa história crítica o autor nos apresenta a escola dos Annales, que propõem o estudo da história de forma comparativa, interpretativa e também o despertar nos historiadores a importância da visão total ou global dos fatos, para que seja possível uma visão ampla da história, ele afirma que tanto a história quanto a historiografia, assim como os acontecimentos humanos, estão em constante processo de mudança, e precisam sempre estar sendo repensados por diferentes olhares de acordo com a época em que historiador está inserido. Por fim, Rojas mostra para nós, com mais uma enumeração de lições, as profundas marcas que a sociedade e em conseqüência disso a história, sofre em decorrência da revolução 1968, ao nos dar estas lições o autor torna a falar principalmente da herança crítica trazida por esta revolução cultural e o surgimento de novas correntes, tais como a francesa que é considerada, por assim dizer, a “quarta geração” dos Annales e a corrente italiana, que contribui para desenvolver uma nova perspectiva dentro da história, a microhistória, rompendo mais uma vez com os métodos tradicionais dando a possibilidade de mostrar a correlação da microhistoria e macrohistoria. Ao final de seu livro Rojas retomas os pontos já tratados anteriormente, para nos mostrar maneiras de como aplicar a nova história em nosso dia a dia.
Considerando o modo como o autor trata os pontos de vista abordados em seu livro, encontramos fortes conceitos marxistas corajosamente explícitos e amplamente difundidos em todo o livro, mostrando as contribuições das idéias de Marx, da escola dos Annales, não esquecendo a revolução cultural planetária de 1968, para nos mostrar diferentes modos de como podemos desenvolver uma boa história crítica e contextualizada. Podemos expor de maneira negativa a forma restritiva como o autor faz colocações no que diz respeito, aos pós-mordernos e “positivistas” em relação a como a história e historiografia são levadas em consideração dentro desses conceitos, pois os pós-modernos, embora pouco preocupados com a “finalidade” ou com criação de soluções para certos problemas expostos em suas críticas, buscavam quebrar tabus como a própria visão “positivista” de “verdades absolutas e intocáveis” dentro da historiografia. O ato de criar rótulos e generalizações gera uma dicotomia entre “mau e bom historiador” e pouco contribui para o desenvolvimento de uma crítica realmente construtiva que leve a reflexão de uma maneira coesa e deixe opiniões aberta à novas visões, porém o autor deixar claro em todo o livro seu posicionamento político, no qual sua crítica está plenamente embasada no que diz respeito a estas correntes, mostrando para nós a maneira como a história pode ter distorcidas vistas por ambos aspectos. Outra generalização encontrada, que pode ser facilmente questionada, é sua insinuação que aqui no Brasil as universidades ainda propaguem o modo positivista de fazer história, uma análise “simples” das bibliografias e perfis das disciplinas em algumas universidades espelhadas pelas regiões do nosso país, mostra que a busca para construir uma nova história crítica é uma luta que existe aqui no Brasil, muito embora tenhamos certeza de que ainda há um longo caminho para ser trilhado antes que possamos dizer que estas concepções estão superadas em nossas escolas e até mesmo dentro de nossas universidades.
Embora tenha recebido algumas críticas, podemos concluir que a obra de Rojas (2007) deve ser encarada como importantíssima no processo pedagógico do curso universitário em história, pois ajuda os estudantes a desmistificarem alguns conceitos e definições dessa ciência humana e seus métodos, deixando-os familiarizados com as correntes historiográficas mais recentes. A obra não tem a função de um manual, pois não dá receitas prontas de como fazer História, mas sim, apresenta para nós, uma série de aparatos e teorias das quais um bom historiador deve se cercar para produzir uma história coerente, abrangente e crítica. Mostrando ser autêntico e fiel aos seus posicionamentos políticos e historiográficos, Rojas, nos encoraja a despertar para o dever como historiadores e professores que somos ou seremos um dia, para que tenhamos o compromisso político e social de transmitir aos estudantes uma visão da história que está em constante transformação. A educação nos chama para cumprir o nosso dever de reescrever a história. Com esperança que todos nós podemos ser agente transformadores de nossa história.