sábado, 8 de outubro de 2011


Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de História
Disciplina: Introdução aos Estudos Históricos
Prof. Isabel Guillen

Alunos:
Linaldo Fernandes
Victor Santos
José Viana
José Dário
João Victor
Jefferson Lopes
Lucas Henrique


AGUIRRE ROJAS, C.A. Antimanual do mau historiador ou como se fazer uma boa história crítica? Londrina: Eduel, 2007.

Doutor em economia pela UNAN (Universidad Nacional Autónoma de México), pós-doutorado em historia pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales em Paris, França. Atual investigador na UNAN. Autor de obras como Contrahistoria de la Revolución Mexicana (Coedición Ed. Universidad Michoacana – Ed. Contrahistorias, México, 2009); América Latina, Historia e Presente (Editorial Papirus, 2004). Este é Carlos Antonio Aguirre Rojas com sua atual formação e ocupação.

Procurando escrever um livro de historiografia onde essa estivesse mais compatível com os tempos em que nós vivemos, Carlos Antonio Aguirre Rojas em Antimanual do Mau Historiador ou Como se Fazer uma Boa História Crítica? Oferece os passos necessários de como se contar uma boa história e lança crítica ferrenha ao modo que até então se tem escrito a história mexicana.

Aguirre Rojas, claramente influenciado pelo marxismo e pela Escola dos Annales, encontra nessas duas correntes a melhor forma de se opor aquela tradição positivista historiográfica e um modelo mais adequado aos tempos atuais. Alegando ser necessário fazer não apenas uma história descritiva, mas reflexiva dos fatos. Tanto que chega a reservar capítulos inteiros do livro (3°, 4° e 5°) para enumerar “lições” desses movimentos.

Porém, antes disso, Rojas, no segundo capítulo lista sete, e outros, pecados que um mau historiador pode cometer no exercício de sua função, caso seja orientado pelas más ideias positivistas.

Entre esses sete pecados mencionados acima se encontram: a erudição, vista pelos positivistas como único método de fazer história; o anacronismo (que vem acompanho da falta de sensibilidade por parte do historiador com relação à mudança de época e indivíduos ao longo dos tempos); a noção mecânica de tempo newtoniana, divididas perfeitamente em unidades iguais; a ideia de progresso e linearidade da história; a atitude acrítica, sustentada na ideia que o historiador deve ser imparcial diante das fontes; e o sétimo e último pecado é a redução da história à sua dimensão narrativa e discursiva, perspectiva trazida pelos pós-modernistas.

Das lições marxistas que o autor enumera no capítulo três, está o estatuto da ciência histórica como consolidação de um projeto que é resultado de nossas ações; 2 - a ênfase que é dada aos temas e problemas sociais; 3 - a dimensão materialista como uma importante forma de se compreender a dicotomia entre classes, e outras dimensões; 4 - “a relevância fundamental que têm os fatos econômicos dentro dos processos sociais globais” (AGUIRRE ROJAS, 2007, p. 43); 5- “explicar os fenômenos históricos do ponto de vista da totalidade” (AGUIRRE ROJAS, 2007, p.44); 6 - estudar os fenômenos históricos sob uma perspectiva dialética; 7 - fazer uma história densamente crítica, muitas vezes, contrariando as classes dominantes.

 O capítulo VI tem por título Qual História Devemos Fazer e Ensinar Hoje? Um modelo para (Des)Armar, neste capítulo o autor faz um resumo sobre os outros capítulos e tenta oferecer recursos para uma boa história crítica, deixando bem claro a história positivista que se faz no México e como o conjunto de lições deixada por Marx, Escola dos Annales, movimento de 1968, foram ajudando a construir o saber histórico e o modo de pensar história como ciência.

Depois disto o autor começa a fazer umas séries de advertências e lições de como é difícil se fazer uma história crítica e como é fácil se acostumar a fazer uma história positivista. Segundo Rojas: “é muito fácil e exige menos esforços ser um mau historiador” (Rojas, 2007, pag.19).

O autor continua seu argumento sobre o pós-modernismo criticando a visão desse movimento que  tem a história como um simples trabalho de erudição e de manejos de “fatos”, que o exercício do historiador é resultado de pseudoverdades, ou seja, iguala o exercício do historiador ao do profissional de literatura. O autor argumenta contra essa oposição que fazem os pós-modernos, quando fala que o trabalho histórico resulta tanto da erudição, como da interpretação, a erudição e o estabelecimento rigoroso dos fatos marcam os pontos de partida enquanto que a interpretação restitui o sentido e significação dos fatos. O autor ainda fala da micro história italiana e como ela é importante para evitar “estereótipos” da evolução humana, pois a mesma nos dá a possibilidade de estudar histórias concretas, pequenas, singulares e a interessante inter-relação com a macro história. O autor ainda fala de como as classes populares como os indivíduos são importantes para a reflexão histórica. Que tanto os indivíduos como as sociedades possuem uma relação histórica e que transformam essa relação nunca deve ser ignorada mais inter-relacionada.

Finalizando, o autor fala da macro história italiana e sua relação com a micro história e cita a mesma como exemplo de uma boa história crítica, e como faz no livro inteiro advertindo quanto ao estilo de história positivista, deixando bem claro que sua intenção é advertir ao positivismo histórico e dá alguns  e como a história crítica é difícil e trabalhosa porém necessária no nosso mundo contemporâneo.

No quinto capitulo do livro o autor aborda os efeitos da Revolução cultural de 1968. Mesmo com as derrotas que os movimentos sociais e políticos sofreram, conseguiram uma transformação profunda nas estruturas de reprodução cultural de todas as sociedades.

A própria história e historiografia foram afetadas por essas transformações, as quais trouxeram velhas e novas correntes historiográficas, paradigmas, entre outras mudanças.

Deste modo o autor apresenta lições historiográficas tiradas dos últimos trinta anos pós 1968. Com a primeira sendo uma nova história cultural do social, nesta lição ao autor utiliza outros autores como argumentos para justificar suas opiniões, como Philipe Ariés e Roger Chartier.

Outra lição proposta pelo autor e segunda é expressa desta forma “reivindicação de uma história social diferenciada, focalizada particularmente em reconstruir a complexa dialética entre indivíduo e estruturas, ou entre agentes sociais, sejam individuais ou coletivos, e os contextos sociais globais dentro dos quais eles agem” (AGUIRRE ROJAS, 2007, p.69).

A terceira lição redigida pelo o escritor explica “história marxista e socialista britânica contemporânea” (AGUIRRE ROJAS, 2007, p.70) a qual faz relação a subgrupos e tendências em desenvolvimento.

Mais uma lição refere-se a uma lição metodológica que foi criada no em torno de uma revista a Quaderni Storici, essa metodologia apresentada fala para explicação de uma macrohistória era necessário estudar uma microhistória, para poder enriquecer a macro com os resultados da micro.

Uma quinta lição é escrita pelo autor referindo-se ainda a microhistória, com relação a possibilidade de uma análise e intensiva do universo micro. Seria como possibilitar uma análise total dos fatos, como documentos, elementos disponíveis dentro do microuniverso, também como as relações e processos vividos por esses personagens, comunidades como igualmente suas praticas e ações.

O sexto e ultimo ensinamento deste capitulo, mostra a importância do reconhecimento do paradigma indiciário em história geral quando estar estudando as classes populares, que segundo o autor sempre são emudecidas, marginalizadas, ou mesmo extinguidas de distintas maneiras.

No Cap. VI do livro ele conclui todo o processo desenvolvido em seu antimanual e aborda questões que ainda hoje são recorrentes. O autor fala sobre falsas oposições, uma das primeiras é a que fala sobre o trabalho como processo de erudição como de interpretação; outra falsa posição é a que contesta a história dos indivíduos; também tem a entre o individuo e a coletividade; mais uma falsa oposição seria a “história estrutural história dos sujeitos Criadores de sua própria história” (AGUIRRE ROJAS, 2007, p.93).


 Sabemos que a história sempre andou lado a lado com a política desde os gregos, e foi deixada de lado várias culturas, em particular a indígena, da qual Rojas cita no começo do seu livro, mas isso não quer dizer que não houve pensamentos contrários a essa forma de se fazer história no decorrer do tempo. Um exemplo é o movimento Zapatista, citado pelo próprio autor. Mas ainda assim, a historiografia continuou ligada ao poder político. A historiografia humanista e renascentista, nos séculos XVI ao XVIII não modificou muita coisa, mas trouxe duas tendências: a crítica erudita das fontes e a eliminação das lendas, milagres etc. No século XIX, não só a historiografia marxista que contribuiu para uma crítica de uma história de pensamento positivista. Existiram até historiadores positivistas, como Taine e Buckle, que tiveram um ponto de vista evolucionista e foram incorporando em seus estudos temas mais variados e abrangentes daqueles visto pela historiografia dominante. No começo do século XX, surgiram críticas e ataques ao positivismo, e essas posições intelectuais foram denominadas Revolta Antipositivista, que ousou rejeitar certo tipo ou concepção da razão iluminista.


Realmente, se delimitarmos a História em simples metodologias, seja ela positivista ou não, e não a abrir para que possa ser vista de outros ângulos, cercaremos o solo onde cultivamos a semente histórica, deixaremos de colher muito mais frutos do que já colhemos. Podemos considerar que a proposta do pensador mexicano pode ser um bom começo para podermos mudar essa concepção acrítica que temos vivenciado no estudo e ensino da história. O livro tem um bom conteúdo e recomendável para todo graduando em história lê-lo.

2 comentários:

Isabel Guillen disse...

Existem reais equívocos de interpretação nesta resenha. Vocês imputam ao autor idéias que ele não compartilha! Cuidado com a interpretação. Esta resenha sinaliza que não houve uma boa leitura do livro. Posso perceber isso também na forma como escolheram simplesmente pontuar questões sem desenvolver crítica ou articular com outras questões...

Linaldo Fernandes disse...

Saudações Professora isabel,

Fizemos as correções propostas pela senhora e tentamos melhorar colocando um ponto de vista nosso na conclusão da resenha.
Esperamos que tenhamos alcançado os objetivos propostos