quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Entrevista, depoimento e História Oral

Acho que algumas dicas irão facilitar o trabalho de análise da entrevista que fizeram.
Em primeiro lugar, é sempre importante fazer algumas leituras mínimas,  sobre metodologia da História Oral (há uma diversidade muito grande de artigos no site do CPDOC, como já comentei em aula) e também sobre o assunto que mais chamou a atenção em cada entrevista em particular. Se você vai se dedicar a discutir a experiência escola, algumas leituras mínimas sobre história da educação ou sobre os diversos modos de se aprender poderão ajudar. A mesma coisa se quiserem discutir gênero, trabalho, política, etc.
Procure dividir o "artigo" em tópicos que representem as questões que quer discutir. Posso dar como exemplo: uma introdução em que discute os objetivos do artigo, dois tópicos em que analisa os aspectos que mais chamou sua atenção e uma conclusão. Não esquecer a bibliografia utilizada, citando-a de acordo com as normas da ABNT. Quantidade de páginas para fazer isso? A que achar suficiente... Mas lembre-se que suas idéias não devem ficar subentendidas. Explique-as!
Bom trabalho!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Revolução cibernética

Seguem algumas dicas do que ler sobre a "revolução cibernética" que vivemos.
Santos, Laymert. Revolução tecnológica, internet e socialismo
Boa leitura!

domingo, 3 de outubro de 2010

História e tempo presente.

Dei uma olhadinha nos blogs que os alunos de Introdução aos Estudos Históricos estão escrevendo, por minha sugestão. E fiquei surpresa com as coisas interessantes que estão surgindo por lá, em termos de temas e sugestões de abordagens desses temas. De impressões ligeiras à insights sobre a cultura política do Brasil na contemporaneidade, acredito que este meu (ou nosso?) "experimento" pode, no mínimo, resultar em algumas considerações:
1. Somos todos gente muito interessante!
2. Se lerem os blogs dos seus colegas verão que suas preocupações são muito parecidas... e isto não é motivo de riso, mas de análise. Questões geracionais? É bem possível responder seguindo essa ordem de raciocínio. Mas também é possível pensar qual o lugar que o ensino universitário ocupa na vida destes jovens. Ou que deveria ocupar?
3. Como se trata de uma universidade pública, ela não poderia ser aquilo que vocês querem? Por que não?
4. Ou será que devemos tratar a universidade como temos tratado a política - um assunto tão longe da nossa vida cotidiana que se transforma apenas em excelentes oportunidades para os políticos ganharem fortunas de modo fácil?

De que modo a história pode ajudar, ou contribui para, mudar a política, a universidade e também nossas vidas?

sábado, 18 de setembro de 2010

Narradores de Javé.

Algumas indicações sobre o filme de Eliane Caffé: Narradores de Javé.

Resenha da revista Comciência

Os Narradores de Eliane Caffé no Digestivo Cultural

Narradores de Javé. Contracampo. Revista de Cinema

Letramento do povo de Javé, de Sônia Regina da Luz Matos

Artigo de Heloísa Heleno Pacheco Cardoso para a revista Fenix

MANUAL DO ENTREVIS ADOR DE HISTÓRIA ORAL

ANTÔNIO TORRES MONTENEGRO. HISTÓRIA ORAL E MEMÓRIA. A CULTURA POPULAR REVISITADA. São Paulo, Contexto, 2007, pág. 149-152

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES

O início de toda entrevista deve ser marcado por uma conversa de esclarecimento com o entrevistado para que este compreenda por que, para que e para quem ele está registrando suas memórias. Após a concordância do entrevistado em participar do trabalho, de¬ve-se preencher uma ficha com o nome completo, data e local de nascimento, endereço atual e data em que a entrevista está sendo realizada. O entrevistador deverá solicitar, por escrito, autorização para divulgar a entrevista. Caberá, entretanto, ao entrevistado decidir se a assina ao final da entrevista ou apenas após a transcrição da mesma.

COMO ENTREVISTAR

O ato de entrevistar, de sentar para ouvir as memórias, apro¬xima-se bastante da maiêutica socrática. Esta seria a própria "arte" de fazer, através do diálogo, com que os homens fossem aproximan¬do-se do bem, da verdade, do justo, que estava depositado em cada um.
o trabalho de rememorar, que se estabelece através do diálogo entre entrevistador e entrevistado, assemelha-se à maiêutica socráti¬ca, sobretudo pela empatia que deve existir. O entrevistador deverá colocar-se na postura de parteiro de lembranças, facilitador do pro¬cesso que se cria de resgatar as marcas deixadas pelo passado na memória. Entretanto, vale destacar que a relação que se estabelece entre o sujeito e o passado (da memória) está em constante mudança, diferentemente da "verdade" socrática.
Um dos postulados fundamentais, que deve balizar todo profis¬sional que se disponha a trabalhar com a memória, registrando-a através de entrevistas, é o fato de que a fala do entrevistado deve ser absolutamente respeitada. Ao entrevistador cabe a obrigação profis¬sional e ética de ouvir tudo que é descrito com a maior atenção, consciente de que o entrevistado não deve ou não tem obrigação de atender a quaisquer que sejam as expectativas teóricas/metodológi¬cas da pesquisa que então se realiza.
O caráter singular de toda memória (mesmo coletiva) e a forma como esta sempre se reconstrói a partir do olhar do presente fazem cada entrevista ter um significado muito próprio. Dessa maneira, ca¬be ao pesquisador procurar conhecer ao máximo a história em que a memória em tela foi construí da. Sobretudo porque terá muito mais condições de compreender a fala do entrevistado, assim como de intervir nos momentos que considerar necessários. Nesse sentido, as perguntas devem sempre ter um caráter descritivo e evitar qualquer indução ou juízo de valor. Pode-se mesmo, desde o início, definir com o entrevistado que este narrará sua vida. As perguntas devem ser curtas e evidenciar para o entrevistado que o fundamental são as descrições que este realiza ao respondê-las. É importante não fazer perguntas extensas e analíticas, porque facilmente se perderá a pers¬pectiva de resgate da memória. Vale destacar a necessidade de se estabelecer um clima de interesse e tranqüilidade, mesmo que o que esteja sendo contado possa eventualmente não atender a qualquer objetivo do pesquisador. Entretanto, muitas vezes, fatos e detalhes considerados de pouca monta se tomam, no conjunto de outras en-trevistas, profundamente significativos, abrindo novas perspectivas de estudo e análise.
O entrevistador interferirá sempre que alguma passagem não lhe parece clara ou quando algum aspecto lhe tenha chamado espe¬cial atenção. Nesse momento, as perguntas devem vezes, o entrevistado se faz calado; no entanto, percebe-se que são momentos de profunda introspecção. Pode-se acompanhar estes mo¬mentos, aguardando um gesto, um olhar, um sinal do entrevistado para que se retome a entrevista. Algumas vezes, naturalmente, o en¬trevistado decide falar sobre aquilo que estava silenciosamente rememorando.
A história oral tem como matéria a memória, que pode vir à to¬na através de estímulos diretos, que comumente denominamos me¬mória voluntária. No entanto, a própria experiência de entrevistar aponta a força da memória involuntária. Estímulos os mais diversos desencadeiam processos de associação e de rememoração que fogem ao controle efetivo do entrevistador. Nesse aspecto é que desenvol¬ver sempre a entrevista a partir da história de vida possibilita um extenso campo de estímulos involuntários e de associações. O fato de o pesquisador ter um perfil da história de vida do entrevistado aumenta, de forma significativa, a compreensão da própria memória do depoente. Um outro estímulo que pode ajudar muitas vezes o en¬trevistado a acrescentar novos detalhes ou mesmo a resgatar outras memórias de algum tema sobre o qual esteja dissertando é a repetição pelo entrevistador da última frase dita pelo entrevistado. Ou ainda de expressões como: "mas foi assim mesmo?", "ah, foi?", "foi mesmo?". Esta técnica, que é utilizada de maneira informal em qualquer conversa para demonstrar interesse, poderá servir como nova motivação para o entrevistado, acrescentar novos detalhes ao que está sendo narrado ou evocar outras memórias referentes ao as¬sunto em tela.
Toda entrevista tem sempre como objetivo algum aspecto do passado que se deseja resgatar. Após o entrevistado narrar a história da sua vida a partir da infância, o entrevistador poderá usar algumas expressões como: "e a política, e as greves, e as doenças, e o carna¬val, e a Segunda Guerra, e a revolução de 1930, 1932, ou 1924?". Nestes casos, estamos supondo que a entrevista está sendo realizada com velhos ou velhas. Esses são alguns exemplos de como voltar a temas pelos quais o entrevistador tem interesse, e que na hist6ria de vida do entrevistado, não foram abordados ou foram apenas de maneira superficial.

O NARRADOR

O trabalho de resgate da mem6ria se desenvolve muitas vezes sob a representação de que todas as pessoas idosas são narradoras ou mesmo contadoras de hist6rias exemplares. Descobre-se, entretanto, que esta é uma capacidade que alguns têm bastante desenvolvida e outros não. Nesse sentido, não é neces¬sário a um velho ou uma velha terem vivido um grande número de acontecimentos para serem narradores.
A capacidade de narrar uma hist6ria, um fato, uma experiência ou mesmo um sentimento está associada a dois fatores: por um lado, à descrição dos detalhes dos elementos que são projetados, de forma tão viva e rica que se assemelham a um quadro que vai sendo rede¬senhado às nossas vistas; por outro, à capacidade de recuperar o la¬do imaginário do que era vivenciado individual e coletivamente em relação ao acontecimento narrado. Na associação dessas duas ordens de fatores (a descritiva e a imaginária) descobrem-se as condições básicas de um narrador.
No entanto, há uma característica mais difícil de ser encontrada entre aqueles que denominamos narradores e que se aproxima do perftl estabelecido por Walter Benjamin no seu trabalho. O Narra¬dor. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Benjamin, ao analisar a obra de Leskov, refere-se àquelas pessoas que, ao viven¬ciarem determinados acontecimentos, viagens ou mesmo o cotidiano que lhes chega nas vivências diárias, transformam-nos em palco permanente de experiências. Estão sempre em busca de uma com¬preensão maior das coisas da vida, transcendendo os modelos pre¬concebidos. Nessas pessoas, que até parecem descoladas do seu tempo, descobre-se a sabedoria.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pós-modernismo.

O PÓS-MODERNISMO

Pedro Paulo A. Funari & Glaydson José da Silva. Teoria da História. São Paulo, Brasiliense, 2008

_Muito se tem escrito nas últimas décadas sobre o pós-modernismo. Mesmo conceitualmente, tanto os termos "moderno" e "pós-moderno", e seus desdobramentos, assim como as implicações de seus usos foram objetos das mais diversas análises (Anderson, 1999; Harvey, 1992; Jameson, 1997), não conduzindo essas ao estabelecimen¬to de formulações definitivas a respeito do que venham a ser. David Harley observa que quanto ao sentido do termo, talvez só haja concordância em afirmar que o "pós-modernis¬mo" representa alguma espécie de reação ao "modernismo" ou de afastamento dele. A imensa gama de definições e inter¬pretações a esse respeito leva-nos a tratar do tema aqui de maneira breve e introdutória - pelo que nossa proposição orbita somente algumas reflexões em torno do surgimen¬to de uma dada "condição pós-moderna" em meio ao am¬biente historiográfico.
Para Perry Anderson (1999), a idéia de "pós-moder¬nismo" surge pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes do seu aparecimento na Inglaterra ou nos Estados Unidos (...), com a pretensão de descrever um refluxo conservador dentro do próprio modernismo, tendo co¬nhecido diferentes conotações nas décadas consecutivas no campo da literatura, das artes e das ciências (vide autores anteriormente citados). É a partir da Filosofia, com a pu¬blicação do livro A condição pós-moderna, de Jean-François Lyotard (1924-1998), em Paris em 1979, que a expressão "pós-moderno" ganha força no âmbito das Ciências Hu¬manas. Para Lyotard (1989), "pós-moderna" é a condição do saber nas sociedades mais desenvolvidas, designando a expressão o estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes a partir do fim do século XIX. Baseado em A. Touraine, defende a hipótese de que o saber muda de estatuto ao mesmo tempo que as sociedades entram na era dita pós-industrial e as cultural na era dita pós-moderna. Essas mudanças tra¬zem em seu bojo novos paradigmas de compreensão dos homens, das culturas e do mundo, e se configuram de maneira similar nos diversos espaços do conhecimento. A natureza do saber não sai intacta nessa transformação ge¬ral. Nessa lógica, dois aspectos podem ser entendidos como definidores da chamada "condição pós-moderna" (ambos críticos da racionalidade iluminista):

1) A "incredulidade em relação às metanarrativas".
2) A "morte dos centros".

Ao primeiro aspecto se liga o descrédito dos grandes discursos e metanarrativas explicadores das experiências humanas e do mundo; ao segundo, a desconfiança em face de todos essencialismos definidores e dos sujeitos uni¬versais que os acompanham.
A compreensão desses dois pressupostos, comu¬mente postulados pelas várias vertentes pós-modernas, liga-se ao estabelecimento de alguns preceitos entendidos como "modernos", cuja crise é percebida, epistemologi¬camente, a partir do fracasso de um dito projeto social iluminista. Caracterizado pela crença no racionalismo e otimismo em relação à ciência e à técnica, advinda do Re¬nascimento do XVI e do Racionalismo do XVII, o ideá¬rio iluminista fundará a base das diferentes ciências nos séculos seguintes. Em meio a processos de secularização de algumas sociedades européias, em especial a francesa, a razão iluminista irá eleger como alvos de uma crítica contundente o Estado Absolutista e o Cristianismo. Da religião à razão, da transcendência à imanência, essa pas¬sagem é associada às idéias de civilização e progresso, que instaurarão binômios como natural e não natural, ciência e espírito, conteúdo e forma, normal e patológico que se cristalizarão nas sociedades ocidentais e embasarão o solo epistemológico das mais diversas disciplinas. A concepção desenvolvimentista e evolucionista forjada em meio a esse ideário irá nortear as nascentes filosofias da história do sé¬culo XVII, concebidas a partir de idéias que preconizavam o devir da matéria, a evolução das espécies e o progresso incessante dos seres humanos.
Imbuídas de um marcado pensamento teleológico, essas filosofias irão apregoar a orientação da evolução humana para um fim, com vistas para o desenvolvimen¬to de estados sucessórios e ascendentes e a concretização de etapas definitivas e apoteóticas ao findar desse mesmo desenvolvimento. Preocupados em demonstrar a evolu¬ção da humanidade por meio de grandes metanarrativas explicadoras das experiências humanas, pensadores como Comte e Marx irão teorizar, em uma perspectiva cri ti¬cada pela linearidade, etapas sociais do desenvolvimento humano - seja pelos estados teóricos e a física social de um ou pelos modos de produção do outro. Esses gran¬des modelos explicativos, ao lado de muitas outras inter¬pretações de fundo holístico da sociedade, passam a ser vistos com suspeição no âmbito das teorias sociais; essa desconfiança fundamenta o que se designou de crise dos paradigmas modernos.
O século XX, com todos os seus avanços científicos, explicitará o fracasso do "ideário iluminista", mostrando a utilização nefasta da ciência que, a título de salvamen¬to da humanidade, muitas vezes pôs e ainda põe em ris¬co essa mesma humanidade. O ideal salvador trouxe, em seu rastro, as grandes guerras mundiais, a ameaça atô¬mica, as autocracias, os colonialismos, os imperialismos, os conflitos étnicos, religiosos, econômicos e sexuais das sociedades não resolvidos, problemas ecológicos potencia¬lizados, desemprego, violência, acirramento de desigual¬dades, miséria, entre outros. As benesses do progresso, quando democratizadas, salvaram a muitos, quando não, o que comumente aconteceu, a eleitos, consolidando uma crudelíssima política elitista, excludente, reforçadora dos cortes sociais. Representando a não concretização de um projeto moderno, iluminista, que retiraria a humanidade da barbárie e a inseriria em sociedades civis perfeitas, com¬pletas, o mundo contemporâneo é o loeus das incertezas e indefinições, reflexo da não linearidade anteriormente pre¬vista e da pressão cumulativa de eventos históricos.
Ao lado dessa descrença nos grandes discursos que fundamentaram e legitimaram uma "história universal" figura a falência de categorias ligadas a modelos moder¬nos de sociedade, calcados em acepções essenciais onto¬lógicas como família, homem, mulher, classe, entre ou¬tros. Modelos oriundos das necessidades de classificação e naturalização que marcaram as bases do conhecimento científico do século XIX europeu.
Corroendo as bases em que se configurou a mo¬dernidade, as ciências, hoje, põem em questão o estatu¬to de verdade da epistemologia iluminista, assim como, também, seus modelos racionalizadores. As vertentes pós-modernas são, em grande medida, responsáveis pela irrupção das desessencializações no cenário científico atu¬al, com um interesse manifesto no caráter de pluralida¬de dos modos de pensar e agir no mundo, das formas de pensamento e de vida, o que marca um rompimento com o tradicional saber positivo. Na esteira de filósofos como Friedrich Nietzsche (1844-1900), Michel Foucault (1926-1984), Jacques Derrida (1930-2004), principal¬mente, o império da subjetividade assume lugares cada vez mais consolidados em meio às novas epistemologias. Num ambiente intelectual de crise e agonia de modelos empiricistas e positivistas, vivencia-se uma crítica con¬tundente à busca pelas origens, ao desejo de verdade his¬tórica e todos essencialismos.


A concepção de verdade iluminista, como algo exis¬tente e por ser apreendido, e seus corolários, perde espa¬ço para epistemologias menos pretensiosas que, de uma perspectiva sociocultural, percebe indivíduos e práticas como construções discursivas, conferindo à linguagem e seus meandros importante papel na elaboração dos "fa¬tos" - tanto na esfera da "produção" (de um texto, por exemplo) quanto na da recepção/interpretação. Questões relevantes colocadas pela sociolingüística e pelas diferen¬tes tendências da analítica do discurso (como quem fala? De onde fala? Para quem fala? E como é recebida essa fala etc.) têm auxiliado numa problematização maior da idéia de "verdade". Essa concepção discursiva do conhecimento (aqui exemplificada pela tradição textual, mas aplicável aos diferentes suportes documentais para além do texto) é substanciada pela compreensão de uma relação intrínseca entre língua, linguagem e sociedade. Para Helena Naga¬mine Brandão (1997), nessa relação, o discurso é com-preendido como o efeito de sentido construído no processo de interlocução (opõe-se a uma concepção de língua como mera transmissão de informação). O discurso não é fechado em si mesmo e nem é de domínio exclusivo do locutori aquilo que se diz} significa em relação que não se diz} ao lugar social do qual se diz} para quem se diz} em relação a outros discursos.
O lugar ocupado pela linguagem no cenário pós¬moderno é, dessa forma, essencial na descentralização dos sujeitos. Não mais "o homem", "a mulher" e "a classe", mas "os homens", "as mulheres", "os indivíduos", "os grupos". Paralelo à falência de velhos modelos normati¬zadores e essencialistas do humano se dá a constituição de uma história mais democrática, includente, revisionista, mesmo, dos moldes classificadores e domadores do século XIX, instituídos por sujeitos históricos universais euro¬peus, burgueses, colonialistas, brancos, machos e cristãos, que mais não fizeram do que reificar suas próprias expe¬riências. Para o pensamento pós-moderno, grosso modo, a sociedade contemporânea é representativa do esgotamento da modernidade, da desconfiança das verdades absolutas e das grandes generalizações dos discursos totalizantes, tendo feito emergir, às expensas do fim de valores, con¬cepções e modelos tradicionais, outros, e, a partir deles, a constituição de uma nova história, que irá negar a simples relação entre passado e presente, o continuísmo histórico, as origens determinadas e as significações ideais.
Ao postularem a desnaturalização de sujeitos e iden¬tidades ontológicos essas novas bases têm contribuído para uma melhor compreensão da pluralidade das expe¬riências, principalmente ao reconhecerem a elaboração de sujeitos e identidades como produtos de forças culturais conflitantes, que operam em meio a jogos de relações de poder marcados pelo conflito. Daí as identidades serem percebidas pela epistemologia pós-moderna como plurais, móveis, diversas, versáteis, descentradas, desunificadas, contrárias, como observou Stuart Hall (2002) à existência de um núcleo interior que emergia pela primeira vez com o nascimento do indivíduo e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo - contínuo ou "idên¬tico" a ele - ao longo da existência do indivíduo.
Na trilha desses pressupostos teóricos, "novos" gru¬pos passam a ser incluídos no discurso histórico; novas problemáticas são colocadas por e em relação a esses gru¬pos, em conjunto com práticas que lhes conferem maior visibilidade e fazem coro a mudanças que se operam no meio historiográfico desde pelo menos os anos 70 do sé¬culo passado. Para Keith Jenkins (2001), não sendo ligado essencialmente à direita, à esquerda ou ao centro, o pós¬modernismo não assume uma característica uniforme. E nem é uma prerrogativa da história. O legado de suas mudanças para o meio intelectual é inegável, visto colo¬carem para debate, ao menos, os dois focos aqui tratados. Na esteira de muitos valores propugnados pelos pós-mo¬dernos segue uma ampla reavaliação de discursos, sejam eles da filosofia, da lingüística, política, arte, literatura ou história, conferindo às ciências humanas uma nova configuração epistemológica; configuração essa na qual a História não tem deixado de se inserir.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Matrix

Alguns textos que podem ser lidos sobre Matrix.
Para uma visão geral:

http://www.filosofia.com.br/vi_filme.php

http://www.continentemulticultural.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1151&Itemid=130

Uma discussão filosófica:
http://www.telacritica.org/Matrix.htm
http://criticanarede.com/html/meta_matrix.html

sábado, 14 de agosto de 2010

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS

16/08 - Apresentação do curso
17/08 - Filme: Matrix
23/08 - ANPUH-PE – Palestra de Antonio Paulo
24/08 - ANPUH-PE – Conferência de José Carlos Reis.
30/08 - Discussão sobre Matrix – História, real e verdade