sábado, 24 de setembro de 2011

Introdução aos Estudos Históricos nas Universidades Federais do Brasil


Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de História
Disciplina: Introdução aos Estudos Históricos
Prof. Isabel Guillen

Alunos:
Linaldo Fernandes
José Viana Neto
José Dário
Vitor Augusto
Jefferson Gustavo
Augusto César


     Procuramos considerar o conteúdo do projeto político-pedagógico de cada curso para ter uma visão geral de como se estruturava cada um deles. Mas como o enfoque foi analisar as disciplinas de conteúdo teórico/historiográfico das universidades pesquisadas, resumimos apenas neste objetivo.

     Na região Nordeste, pesquisamos a Universidade Federal do Ceará que tem um dos cursos mais completos, por nós pesquisados. Verificamos a importância que é dada na estrutura primária do curso. Percebemos que diferentemente da UFPE, cujo curso possui duas cadeiras de introdução aos estudos históricos, uma no primeiro e outra no segundo período, a UFC só possui uma ministrada no primeiro período do curso. Na UFC, nesta cadeira o aluno estuda a historicidade da produção do conhecimento histórico; as metodologias de pesquisa e a diversidade da interpretação histórica; tempo, memória e história; o ofício do historiador e os lugares de produção do saber.

     Sobre Teoria e metodologia da História na UFC, divide-se essa disciplina em I e II, no segundo e no terceiro períodos, sendo obrigatórias. Na UFPE, essas cadeiras correspondem a duas, que são: Teoria da Historia I e Fundamentos da Metodologia Histórica, sendo esta última eletiva. Em Teoria e Metodologia da História o docente responsável trabalha os métodos de se fazer história no início da modernidade até o séc. XIX, sob as perspectivas do positivismo, historicismo, romantismo e conceitos do marxismo no ofício do historiador. Já em Teoria e Metodologia da História II é visto as diversas contribuições no séc. XX feita pela Escola dos Annales.

     Nas cadeiras referentes a Métodos de Pesquisa Históricas I e II, na UFC oferece-se ao aluno o conhecimento teórico (na I, no 6º período), e prático (na II, 7º período) sobre configuração do quadro teórico-metodológico, a pesquisa como sistema integrado de métodos e técnicas, coleta e inventário da documentação, realização de trabalho de pesquisa, análise e interpretação dos documentos coletados e elaboração de projeto de pesquisa.

     No Sul, pesquisamos a UFSC. O Conteúdo Teórico/Historiográfico desta universidade oferece no primeiro período aos formandos as disciplinas: Introdução aos Estudos Históricos, Teoria da História I e Teoria da História II. Com estas se pretende que os discentes dominem as diferentes concepções teórico-metodológicas que mencionam uma construção de categorias para a investigação e analise das relações sócio-históricas. A UFSC entende ser importante centrar uma discursão das principais vertentes que guiam o trabalho do historiador, desde quando a História, no século XIX, torna-se uma disciplina propriamente dita. Essa universidade acredita ser valiosa o ressalve daquelas correntes que são as maiores fontes inspiradoras na atualidade. Mas, não impedindo que os professores interessados apresentem aos alunos “Tópicos Especiais” ou “Leituras Dirigidas” abordando outras discursões teóricas não contempladas no conteúdo programático do curso, ou seja, o professor tem a liberdade de dar um enfoque crítico ao teor estudado.

     O conteúdo programático da cadeira Introdução aos Estudos Históricos mostra em resumo (ementa) o tal objetivo “Discussão introdutória sobre a construção do conhecimento histórico através do estudo das fontes, da discussão bibliográfica e da forma da narrativa”. Normas técnicas de apresentação de trabalhos acadêmicos.

• A pesquisa em História
• A escrita da História
• A cronologia: Idades, Etapas e Estágios
• A relação entre História e outras áreas do conhecimento
• Perspectivas historiográficas

     Encontramos na bibliografia do curso livros a serem abordados como o próprio livro Introdução aos Estudos Históricos de BESSELAR, José Van Den. MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. Seleção de textos de José Arthur Giannotti. São Paulo: Abril Cultural, 1978. REIS, José Carlos. Escola dos Annales: a inovação em história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. LE GOFF, Jacques. A história nova. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1998. Entre outros escritos importantes.

     Basicamente falando, um curso também muito completo, como foi dito da UFC, mas a UFSC tem algo em especial, pois, no projeto político-pedagógico deixa explicito a abertura dada ao professor para direcionar suas aulas segundo seus interesses pedagógicos.

     No Sudeste, analisamos a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Na sua apresentação, demonstra que sua busca é atender a formação de um profissional capacitado no exercício do trabalho de historiador, permitir o domínio do conhecimento histórico, assim como, suas práticas de produção e difusão. Além destes, o perfil do curso pretende formar no aluno uma visão crítica como instrumento de transformação social, apresentar uma formação teórica específica e pedagógica, vestir nele uma perspectiva interdisciplinar entre áreas das ciências humanas e história, um educador capacitado na articulação entre prática e teoria e um pesquisador/educador crítico e reflexivo.

     O curso da UFRRJ, não possui a cadeira Introdução aos Estudos Históricos. No primeiro período oferece-se o curso Teoria e Metodologia da História I e no segundo Teoria e Metodologia da História II, que basicamente seria a mesma coisa da Introdução aos Estudos Históricos, pois a bibliografia das disciplinas é idêntica. Tomando exemplos das outras universidades já citadas, na UFRRJ também se estuda no primeiro período tais autores como: BLOCH, M. Apologia da História ou o Ofício do Historiador; LE GOFF, Jacques. Memória e História. Campinas: Unicamp, 2003; MALERBA, Jurandir. A Velha História (Teoria, Método e Historiografia); MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política; REIS, José Carlos. Nouvelle Histoire e Tempo Histórico (A Contribuição de Febvre, Bloch e Braudel). Só pra citar alguns que nas outras também são abordados.

     A ementa da disciplina aborda o seguinte: “A passagem da "história-narração" à "história-problema": a "Escola dos Annales". Marxismo e história. Temáticas econômicas, sociais, demográficas, culturais e relativas às mentalidades coletivas. "Nova história", Narrativa histórica tradicional, Narrativa histórica moderna.” O objetivo disciplinar é que no final do curso o aluno possa absorver conceitos e procedimentos metodológicos que lhe possibilite compreender e produzir o conhecimento histórico, reflita e discuta a evolução teórico-metodológico da história nas temáticas econômicas, sociais, políticas e culturais.

     Em Teoria e Metodologia da História II, que também como a outra é obrigatória, ministrada no segundo período, o objetivo é estudar os princípios teóricos que fundamentaram a disciplina História. O conteúdo programático é dividido em duas partes, a primeira parte estuda-se Os Regimes da Historicidade; “a Historia como arte da exposição, como retórica, até o século XVIII abordando desde os gregos, Cicero e Plutarco”. A História como poética até o século XVIII, abordando Penísula Ibérica e Fénelon; A história como descrição dos fatos, século XIX, com a pretensão de cientificidade (positivista?) abordando Rank, que é considerado o pai da história científica. A História como interpretação, século XIX, historicismo. A tarefa do historiador: Comentário e crítica dos documentos; (falamos em sala de aula que é o estudo da historiografia). Estuda-se também História marxista segundo a concepção da história ser explicável cientificamente, A Escola dos Annales, primeira e segunda geração com Lucien Febvre, Marc Bloch e Fernand Braudel, A terceira geração (anos 70) nos diálogos: antropologia, linguística e psicanálise.

     Na segunda parte desta cadeira, são problematizadas as seguintes questões: A História é ciência? A ideia de poética da história, o desprezo de conteúdo de verdade. Paul Ricoeur, Lawrence Stone e Hyden White. A História como narrativa, A História não é ciência, não explica e não tem método, Paul Veyne. Entre outras problemáticas.

     Assim vemos, que neste curso ao pesquisa-lo nos pareceu tão simples a princípio, nos surpreendemos depois com tudo que se tem pra estudar e abordar neste curso. O que mais nos interessou mesmo foi à segunda parte da cadeira Teoria e Metodologia da História II, sobre a questão do posicionamento da coordenação colocar as problemáticas que questionam a História como ciência e estuda-las deixarão os alunos muito mais críticos com sua própria área do saber.

     Na região Centro oeste pesquisamos a Universidade de Brasília. A apresentação do curso de História da UNB mostra seu curso explicando o papel do historiador, como forma-se através do tempo, explica que qualquer pessoa pode estudar história mais é na universidade que esse estudo ganha uma forma organizada, ou seja, tornando o estudante capacitado para elaborar narrativas, descrever e explicar fatos por meio de métodos.

     As habilitações para os formandos do curso de história dessa universidade são de licenciatura e bacharelado. Os alunos deste curso após conclusão podem sair com formação dupla. Está incluída a informação de que existem cursos de pós-graduação para essa área.

     Pesquisamos a ementa do curso e nos deparamos com poucas informações sobre as cadeiras. Encontramos a disciplina “Introdução ao Estudo da História” que está dividida em salas com turmas de A até F. Nas salas A, D, E e F tem um caráter semipresencial. O professor responsável é o Prof. Ms. Eduardo Fabbro. Nas salas B e C, que provavelmente seja plenamente presencial tem como responsável o Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt, cada um deles com salas e perspectivas diferentes. Fabbro dá introdução às questões do trabalho do historiador e a escrita da história, focando principalmente a nova história francesa, os métodos e abordagens da história atual. Já Veppo Burgardt, aborda a narrativa historiográfica, a história como ciência investigativa e seus critérios, as correntes historiográficas, a história acadêmica e dos annales.

     Quanto à cadeira de metodologia da história, essa também é dividido por dois professores, novamente cada um com turmas distintas e abordagens diferentes. O primeiro dos professores é a Profª. Drª. Eleonora Zicari Costa de Brito, o qual em sua disciplina visa à historicidade do conceito de documento, formas de abordagem do documento histórico, O acontecimento como construção histórica a ser problematizado e a montagem de um projeto de pesquisa. O outro professor da mesma disciplina a Profª. Drª. Cléria Botelho da Costa, traz a abordagem da cadeira sobre a compreensão e a escolha da metodologia que virá ser utilizada nas pesquisas históricas. Dividida em três partes, essas abordagens passa pela desconstrução e concepção do método do caminho dogmático, em seguida vem a analise de diferentes dados como: documentos oficiais, linguagem oral e escrita, imagético. A última e terceira parte da divisão é a montagem de um projeto de pesquisa.

     O foco dessa universidade é a história do Brasil, vemos isso em evidência pelas disciplinas optativas oferecidas, HISTÓRIA SOCIAL E POLÍTICA DO BRASIL, HISTÓRIA DOS PARTIDOS POLÍTICOS NA REPÚBLICA, CULTURA BRASILEIRA, HISTÓRIA REGIONAL, TÓPICO ESPECIAL EM HISTÓRIA DO BRASIL. Podemos entender, Brasília é a capital do Brasil e estudar o nosso país é relevante, principalmente os que moram lá. Assim como, achamos que o Nordeste também valorize a sua “História”.

     Infelizmente A Universidade Federal do Amazonas não disponibiliza informações sobre os seus cursos. Tentamos pesquisar o curso de História, mas não foi encontrado nada que pudéssemos desenvolver no nosso trabalho. Enviamos um e-mail à instituição para que possam verificar e rever a possibilidade de disponibilizar essas informações no seu próprio site e facilite aos estudantes o acesso de tais dados.

     Portanto, ao analisarmos as universidades pesquisadas pelo nosso grupo, chegamos à conclusão que cada uma delas tem suas particularidades, suas influências, seus posicionamentos e suas metodologias de ensino/aprendizagem. Mas basicamente são semelhantes nas disciplinas pesquisadas, umas mais outras menos. Cada universidade federal busca alcançar seu objetivo proposto em seu projeto político-pedagógico, visando o melhor aproveitamento do conteúdo a ser estudado. Não há destaque para nenhuma já que todas se esforçam em alto nível para levar um ensino de qualidade a todos.

Um comentário:

Isabel Guillen disse...

Bom trabalho. Mas a conclusão escrita apresenta um conteúdo meramente formal... façam uma análise do que estudaram!